7 tendências para o setor de franquias em 2026


Postada em : 26/12/2025

7 tendências para o setor de franquias em 2026

Expansões internacionais, desafios reputacionais e algumas fusões e aquisições marcaram o franchising brasileiro neste ano. Na avaliação de especialistas ouvidos por PEGN, o cenário de 2025 deve impactar algumas tendências esperadas para 2026, que deve ser um ano de oportunidades para as redes que estiverem atentas ao mercado.

Mesmo em um ano marcado pelo tarifaço, que impactou a rota de planejamento da expansão internacional de algumas franquias, grandes redes apostaram na ida para o exterior, como Casa de Bolos, Milky Moo e Pampili.

Para as redes que apostaram em M&As, as fusões e aquisições tiverem papéis estratégicos variados. Ainda colhendo efeitos da crise de 2023, a Americanas aceitou a proposta para vender a Uni.Co, que engloba as marcas Imaginarium, MinD, Puket e Lovebrand, para a BandUP!, dona da Piticas.

Por outro lado, outras empresas apostaram no movimento para acelerar a expansão, como o Grupo Boali, que adquiriu participação na Tasty e Mana Poke, o Grupo Trigo, que comprou duas marcas norte-americanas e negociou a compra da Casa do Pão de Queijo, e a Morana e o grupo Blue Star (BSG), dono da Todomoda, que anunciaram uma “fusão estratégica”.

O setor também teve um ano marcado por polêmicas entre franqueadoras e franqueados. Um dos casos que estampou o noticiário foi a acusação de um grupo de franqueados da Cacau Show sobre práticas comerciais da empresa e sobre o relacionamento com a rede. A marca afirmou que muitas das queixas eram inverídicas, mas que acolheu alguns pontos em que poderia melhorar a relação com os franqueados.

Para Thais Kurita, advogada especializada em franchising e varejo, sócia do NPMP Advogados, 2025 marcou uma mudança drástica no perfil dos conflitos entre redes e seus franqueados, que passaram a não apenas discutir cláusulas comerciais, mas praticar ataques envolvendo inclusive esferas criminais.

“Para 2026, a tendência é a de que litígios continuem numa crescente. Mas essa definitivamente não precisa – e não deveria – ser uma realidade para todas as redes. Não basta mirar na expansão, é preciso focar em manutenção e preservação da base”, diz Kurita.

De modo geral, 2025 foi um ano de crescimento para o franchising, movimento que deve se manter no próximo ano, na avaliação de especialistas. Nos três primeiros trimestres deste ano, o setor de franquia registrou aumentos consecutivos de faturamento, todos em crescimento na comparação com o mesmo período de 2024, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

De acordo com a entidade, de janeiro a setembro, os segmentos que mais cresceram foram Limpeza e Conservação (14,5%), Saúde, Beleza e Bem-Estar (13,1%) e Alimentação – Comércio e Distribuição (12,7%). “Tais segmentos mostraram alta capacidade de atrair novos empreendedores e atender novas demandas do consumidor. Acreditamos que eles continuarão em destaque em 2026, especialmente aqueles que têm apostado em inovação, digitalização e formatos mais flexíveis de operação”, afirma Decio Pecin, vice-presidente da ABF.

A seguir, confira 7 tendências para o setor de franquias em 2026, na visão de quatro especialistas consultados por PEGN:

1. Internacionalização mais madura
Já considerada uma tendência em 2025, a internacionalização deve seguir em alta no próximo ano. A diferença em 2026 deve ser a maior maturidade no processo de expansão, com redes vendo no exterior não apenas uma estratégia de posicionamento, mas potencial real e objetivo de incrementar o faturamento.

“Diferente de outros anos, a internacionalização deixa de ser aventura para se tornar um movimento de marcas maduras que buscam segurança em moedas fortes, exigindo uma adaptação contratual muito mais sofisticada do que vimos até agora”, diz Kurita.

2. Expansão mais seletiva
Com um saldo de 4.644 novas operações de franchising no Brasil no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a ABF, o setor vive um cenário com potencial de dar continuidade à expansão em 2026. Entretanto, a tendência é de mudança na forma que redes planejam o crescimento.

Para Marcelo Cherto, fundador e presidente da Cherto Consultoria, após viver um período de expansão “indiscriminada”, o franchising vê o fim do descontrole no processo de crescimento das marcas. “O jogo já não é mais o de reagir às oportunidades e crescer a qualquer custo, achando que toda e qualquer franquia (ou todo e qualquer franqueado) vale a pena. Cada vez mais franqueadores estão aprendendo que crescer não é simplesmente multiplicar o número de unidades, mas sim multiplicar o número de unidades rentáveis, o que pode ser muito diferente”, aponta Cherto.

Nesse sentido, a recomendação dos especialistas, que entendem o movimento como uma tendência, é ter uma rede com menos unidades, mas bem administradas e com bons resultados, do que uma rede maior, formada por unidades que dão prejuízos financeiros e até reputacionais.

3. Crescimento com multifranqueados
Ainda entre as tendências de expansão, um dos fatores que devem ganhar mais força em 2026 são os multifranqueados. Na esteira da busca por bons franqueados, a avaliação é de que cada vez mais redes busquem apoiar quem entrega bons resultados a administrarem mais unidades.

“A tendência é que as redes cresçam entregando novas unidades para quem já está dentro e performando bem. O perfil do franqueado de 2026 será mais empresarial e menos ‘operador de balcão’, avalia Kurita.

4. Busca por blindagem reputacional
No contexto de polêmicas envolvendo franqueadoras e franqueados em 2025, a tendência para 2026 é que redes busquem formas de proteger suas reputações. Na avaliação da advogada especialista em franchising, o próximo ano deve registrar um movimento de ‘blindagem reputacional’ sobretudo em contratos, que devem incluir cláusulas muito mais duras sobre gestão de crise e comportamento em redes sociais.

“O franqueador passará a atuar de forma imediata e enérgica contra a difamação da marca por ex-franqueados, tratando a reputação como o ativo mais valioso (e frágil) da rede”, aponta Kurita.

Além disso, os processos de auditoria devem ser incrementados ao longo do ano. Segundo Henrique Carbonell, CEO da F360, em um ambiente com alto volume de operações e unidades distribuídas, a automação será determinante para padronizar processos e detectar desvios de forma rápida. Para isso, ele indica que a tendência é que redes incorporem sistemas capazes de monitorar transações, cruzar informações entre lojas e identificar irregularidades em tempo real para tornar a gestão mais precisa e reduzir riscos.

5. Governança alinhada com ESG
Em um cenário em que cresce a importância da governança, a previsão para 2026 é de um aumento de políticas alinhadas também com a agenda ESG (sigla para Ambiental, Social e Governança). Para Cherto, essa tendência faz parte de um movimento de profissionalização nas redes de franquia, que seguirá avançando.

“Empresas de venture capital, fundos imobiliários e investidores institucionais já vêm analisando redes nas quais pretendem investir, ou com as quais pretendem fazer negócios, com base em critérios de governança, compliance e ESG. E isso tende a se intensificar”, diz Cherto.

Nesse contexto, Carbonell afirma que redes passarão a, cada vez mais, incorporar práticas sustentáveis diretamente nos indicadores financeiros a fim de acompanhar investidores e consumidores que já cobram essas métricas.

6. Menor dependência de pontos físicos ‘premium’
Dando continuidade a um movimento que começou em 2025, devem crescer no próximo ano as franquias com menor dependência de pontos físicos “premium”. O movimento inclui formatos de negócios que Cherto define como “asset light” (leve em ativos), tais como studios, dark kitchens, franquias digitais e consultorias B2B, que exigem menos CAPEX, menos funcionários e têm custos operacionais mais baixos.

Na avaliação de Pecin, da ABF, alguns dos destaques nesse conetxto são operações de microfranquia, que, por definição da ABF, têm investimento inicial de até R$ 135 mil. Segundo a entidade, 50,1% das 20 maiores microfranquias do Brasil operam com home based.

7. IA no centro da tecnologia
Para alguns, uma tendência, para outros item já consolidado da agenda do setor, a inteligência artificial deve assumir ainda mais protagonismo no próximo ano. Para Cherto, em 2026, a diferença entre redes que usam IA e redes que não usam será claramente visível nos números: “quem usa terá menor custo de suporte, padronização mais rigorosa, expansão mais previsível e resultados melhores do que quem não usa”, diz.

Para Kurita, o uso de IA já é mais que uma tendência, é uma necessidade das empresas. Na avaliação da advogada, não há mais uma realidade na qual a IA não faça parte. “Cabe aceitar que daqui para frente muito será feito de forma diferente do passado, mais precisamente em 2025”, afirma Kurita. Ela indica que as ofertas de IA serão cada vez maiores e melhores, com potencial para substituir algumas estruturas das organizações com eficiência.

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios