Fechamento Fiscal: Dicas para Vender sua Empresa em 2026


Postada em : 19/12/2025

Fechamento Fiscal: Dicas para Vender sua Empresa em 2026

O final do ano costuma ser bastante acelerado para a maioria das empresas, especialmente no quesito financeiro. De acordo com uma pesquisa realizada pela plataforma Xero, da Austrália, 71% dos proprietários e tomadores de decisão sentem que o período é estressante, e a principal razão (em 33% dos casos) é a conformidade tributária. Também foram citados coletaa coleta de dados financeiros (32%) e conciliação de prazos com operação diária (26%).

Para quem pretende vender a empresa, captar investimento ou entrar em um processo de M&A em 2026, o período de fechamento fiscal é ainda mais crítico: é literalmente quando compradores começam a formar sua primeira impressão sobre a saúde financeira do negócio. Segundo Rodrigo Baraldi, Conselheiro Estratégico de M&As com mais de 100 operações assessoradas que movimentaram R$ 10,2 bilhões, “O fechamento do balanço fiscal é crucial para futuros compradores, que vão olhar com atenção para cada detalhe. Erros nesse momento podem reduzir o valuation do negócio, aumentar custos com impostos ou até impedir acordos completamente”, afirma.

Segundo o especialista, um dos motivos mais comuns para a desistência de compradores é a falta de confiança nos números e documentos apresentados pelo empresário, quando há inconsistências entre o discurso e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). “Por menor que seja a empresa, é preciso ter os principais indicadores financeiros na mão, com periodicidade mínima. Isso inclui fluxo de caixa, prazo médio de recebimento, prazo médio de pagamento, ciclo financeiro, índice de liquidez, dívida líquida e EBITDA”, aponta Rodrigo.

O fim de ano escancara os problemas, mas também serve como oportunidade para “resetar” o jogo. A seguir, Baraldi lista algumas práticas que podem “arrumar a casa” e ajudar os negócios a iniciarem o próximo ano com mais estrutura.

1- Contratação de CFO

Pode ser difícil entender qual é o momento de adicionar um Diretor Financeiro, ou CFO, na equipe. A verdade é que, em empresas em fase de consolidação e crescimento, essa é uma figura essencial para a inteligência financeira. “É comum que o CFO só chegue quando os problemas já estão grandes, com caixa desorganizado, indicadores inconsistentes e uma visão limitada do negócio. Quanto antes tudo começar a ser arrumado, melhor”, comenta Rodrigo.

Não à toa, as companhias têm contratado CFOs com mais bagagem nos últimos anos. Segundo a análise da Russell Reynolds, 40% das contratações globais no ano passado foram de CFOs já experientes, com histórico de trabalho em empresas públicas.

2- Revisão tributária

Mapear créditos não aproveitados, corrigir enquadramentos e eliminar potenciais contingências: tudo isso faz parte de uma boa revisão tributária de fim de ano. A regularização de obrigações acessórias se torna ainda mais relevante frente a um M&A, já que compradores buscam empresas com menor exposição a autuações e disputas fiscais.

“Cuidar de toda a relação com impostos antes de um acordo é fundamental para não ser pego de surpresa na hora de uma auditoria, que poderia pôr tudo a perder”, ressalta o conselheiro.

3- Revisão de processos

A mudança de ciclo oferece uma chance para ajustar a operação. Processos podem ser redesenhados para reduzir gargalos, relatórios podem ser padronizados e indicadores podem ser monitorados com mais rigor. Esses movimentos melhoram a previsibilidade do negócio, competência cada vez mais valorizada em operações de fusões e aquisições.

“Processos mal definidos geralmente resultam em uma gestão lenta e excesso de pessoas no time, ou colaboradores mal distribuídos. Além da produtividade, isso impacta em diversas métricas financeiras”, conta Rodrigo.

4- Cultura organizacional

O final de ano também é uma oportunidade de preparar mudanças e adaptações, quando necessário, para a cultura interna da empresa. Em alguns casos, não se trata de alterações, mas de aplicar ferramentas e processos para gestão cultural, de forma que ela se torne estruturada e forte no evento de um M&A.

“Toda empresa tem uma cultura que a define. Algumas são intencionais, outras acidentais, mas todas têm. Negligenciar isso pode ser o fim de um acordo ou do próprio negócio”, finaliza Baraldi.

Fonte: Contábeis